sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Dilmoteca

Fiquei feliz em saber que Dilma tem interesse por livros. Será que ela terá um novo olhar para a leitura no Brasil? O jornal da Folha publicou sobre isso, veja uma das falas de Dilma:

‘Eu compro muito livro, sempre mais do que consigo ler. Tenho aquela teoria de que estou fazendo um estoque. Que um dia vai chegar uma hora que eu vou ler. Então, vai que naquele momento eu não tenha condição de comprar? Vai que aconteça alguma coisa e eu não tenha condição de ficar comprando livro? Então, eu estoco‘. (Jornal da Folha - 27/12/2010)

 Assim me deparei com várias perguntas: quantas pessoas fazem a mesma coisa que a Dilma faz, estocar livros e quem sabe um dia ler? Estocar porque não terá condição de comprar? Estocar porque acha interessante e um dia quem sabe poderá precisar? E assim, outras questões foram aparecendo, uma puxando a outra. Você já parou para pensar em quanto tempo tem livros guardados que não leu, que estão desatualizados ou mesmo que guardou naquele momento mas sabe que não vai precisar mais?

É ano novo, é tempo de rever os livros, é tempo de rever as leituras, pense nisso.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O que estou lendo nas férias

arte+de+curar+pelo+espirito,+a

Resumo
Este livro do curador espiritual norte-americano Joel S. Goldsmith é um imenso desafio e um jubiloso convite para a realização da cura de nossos males. Seus ensinamentos — em linguagem simples e clara — estão em perfeita sintonia com as maiores conquistas modernas da psicologia, da psicanálise e da psicoterapia do Ocidente, bem como da filosofia e da yoga do Oriente. Para o autor não é a simples presença de Deus em nós que cura todos os nossos males — emocionais, mentais e físicos —, mas a consciência dessa presença. Toda cura é uma autocura. A Arte de Curar pelo Espírito é um pequeno tratado de logoterapia. Esta excelente tradução que ora oferecemos ao leitor brasileiro foi feita pelo filósofo e educador Huberto Rohden, autor do livro Logoterapia.

Comentário
A cura de sintomas não é a solução definitiva. A solução é a cura pela força espiritual. É essa a temática fundamental de toda cura, quer física ou metafísica. Se o homem consegue 100% de conscientização espiritual, ele nulifica qualquer mal, seja nele, ou em outras pessoas. É como acender a luz.
Em "A Arte de Curar pelo Espírito" temos um relato pormenorizado do trabalho de atendimento espiritual realizado pelo autor, com exemplos e orientações de como o curador espiritual deve proceder. O livro está dividido em quatro partes. Na primeira parte aborda os Princípios da Cura pelo Espírito, explicando que a doença é apenas um dos numerosos aspectos criados pelas desarmonias e dissonâncias da vida. A dispersividade da vida cria uma desarmonização física e falta de paz espiritual, tranquilidade interior. O despertar da consciência abre as portas para uma nova dimensão da vida, que a medicina não é capaz de suprir, pois não é o homem que cura. Este tipo de cura supõe uma consciência altamente desenvolvida. Palavras não resolvem. É preciso fazer da mente um simples aparelho de percepção, aprender a escutar servindo-se dela. É a mente o intermediário através do qual percebemos a verdade, aquela que rege todo órgão e toda função do nosso corpo. A cura espiritual total consiste em não reconhecer a realidade de uma situação negativa. Basta entrar em meditação, permanecer quieto e permitir a experiência da presença divina - reconhecer sua graça. Ou seja, acordar, libertar-se da hipnose que domina, deixar de pensar palavras e pensamentos.
Na segunda parte temos "A Tarefa do Tratamento Espiritual" - que implica no desenvolvimento da consciência curativa, não se preocupando com fórmulas, pois cada dia é um novo dia com a inspiração necessária para solucionar o problema qualquer que seja, uma vez que é uma desarmonia que só se resolve pela conscientização que gera paz que ultrapassa o entendimento. Um curador espiritual deve ter do conhecimento da verdade idéia tão exata como a do músico tem da música. Qualquer dúvida e o resultado será falso, errado, inexato. A reação imediata da intuição indica o momento exata para realizar a cura de um indivíduo ou de um grupo.
Na terceira parte temos a "Execução Prática" - onde a tônica é: vale o princípio de unidade - "não julgueis segundo as aparências, mas consoante julgamento justo"- ou seja, não negar as aparências de desarmonias físicas, mas reconhecer Deus como a realidade por trás de todas as formas. A evolução espiritual leva ao entendimento de que o corpo não governa tua vida, mas esta é que governa teu corpo. O corpo não controla tua consciência, mas ela é que controla teu corpo. A meta da vida espiritual consiste em despertar em si a semelhança de Deus e realizar a identificação espiritual do Cristo. Cada um é responsável por seu progresso espiritual e é inútil culpar terceiros pela falta de coragem espiritual. Escolhemos caminhos e muitas vezes são outros os caminhos que temos que seguir rompendo a cadeia habitual. Realizar o trabalho porque é uma missão, pela alegria que o trabalho proporciona. Orar para ter luz, verdade, iluminação, sabedoria. O suprimento dos bens da vida não quer dizer receber, mas doar algo. Doar, muitas vezes consiste em renunciar, soltar amarras, colocar em circulação bens para o espaço possa ser ocupado por coisas novas.Ensina que "suprimento é uma força vital que atua através de cada um". Na quarta parte fala sobre a cura espiritual sem palavras nem pensamentos. O último capítulo é reservado para analisar o salmo "À Sombra do Onipotente" - faz uma análise do que seja realmente alguém viver o grau de imunidade a que cada um pode aspirar e ter. E conclui dizendo: "Com efeito, todo segredo da vivência espiritual tem a ver com o Invisível, tem a ver com o fato de que nossa vida é algo invisível, que a nossa vida está oculta com o Cristo em Deus." A oração protetora consiste na compreensão de que toda a verdade que conhecemos é uma verdade Universal. É através dessa oração aceitamos a presença divina seguindo diante de nós, endireitando tudo o que é torto". Em uma palavra: Curando!

Livro - Psicanálise dos Contos de Fadas, A
Resumo
Em A psicanálise dos contos de fadas, Bruno Bettelheim faz uma radiografia das mais famosas histórias para crianças, arrancando-lhes seu verdadeiro significado. O autor mostra as razões, as motivações psicológicas, os significados emocionais, a função de divertimento, a linguagem simbólica do inconsciente que estão subjacentes nos contos infantis.
Na obra do autor Bruno Bettlheim, A psicanálise dos contos de fadas ele relata e explica através dos contos de o impacto psicológico de situações em acontecimentos envoltos a criança e dando respostas a comportamentos e mostrando a visão infantil a cerca de determinados assuntos. Com essas relações ela tenta passar para a criança ensinamentos para as resoluções de problemas, seu desenvolvimento com inclusão a realidade que os rodeia, pois, ele transmite para o leitor que além de entreter a criança, os contos possuem princípios de importante relevância para o público infantil.
Através de um conto que aparentemente está cercado de imaginação, ou uma história que não é real, onde predomina o maravilhoso pode estar de modo disfarçados os sentimentos que cercam o interior da criança, como o sentimento de raiva ao ser abandonado pelos pais ou na possibilidade de vencê-los em esperteza, passando para a criança mensagens importantes para sua vida, como nunca desistir perante os obstáculos por mais que no início pareçam difíceis. Com relação aos personagens nos contos de fadas e também nas fábulas é perceptíveis características peculiares às crianças com imaturidade e a maturidade destes mostrando a capacidade de controle das emoções ou ser racional.
Além dos contos de fadas e as fábulas também há os mitos, que desempenham um papel oposto aos contos de fadas que se caracterizam pelo otimismo, enquanto o mito é pessimista. Nos mitos como nos contos de fadas existe um ponto em comum que é a existência de fatores internos ao pensamento, muitas vezes ocultos, são a Id, o Ego e o Superego, que se incluem aos sonhos dos espectadores dessas histórias. O mito possui um caráter pessimista, e na maioria das vezes acaba com um final trágico, já nos contos de fadas os protagonistas sempre têm um final feliz. Normalmente no que diz respeito a Id, Ego e Superego, os mitos fazem demonstrações de "solicitações do superego em conflito com uma ação motivada pelo Id e com desejos de autopreservação do Ego" (p 54), com isso, diferenciam-se dos contos que são felizes. Contudo, vale ressaltar que os mitos não fazem parte de toda a formação da personalidade ma somente o que diz respeito ao Superego e os contos na satisfação e nos desejos.
Há histórias nos contos de fadas que aparentemente são bobas e sem importância como no conto dos "Os Três Porquinhos" que mostra as vantagens e a evolução da maturidade através dos três irmãos e suas construções; O caçula da prioridade a uma casa de palha dando importância principal a brincadeira, e não a estrutura e a segurança da casa, o porquinho do meio tem uma maturidade um pouco maior a do irmão menor, porém, ainda não possui um amadurecimento maior a do irmão construindo uma casa de madeira e também dando prioridade as brincadeiras, diferente dos irmãos o mais velho tem um amadurecimento adequado, tendo uma noção maior da realidade dos perigos que podem ocorrer, econstrói uma casa de tijolos pensando na segurançae nos perigos existentes e prevendo a invasão do Lobomau, que se quer fora narrado no início da história.
Algo interessante sobre o surgimento das figuras dos contos de fadas e capacidade de transformação na criança acerca do adulto, especialmente sobre a imagem da mãe, esta quando não dá bronca ou não chama a atenção da criança, no entanto quando esta decidi punir uma mau criação ou a castiga imediatamente ela se transforma na madrasta má e cruel ou ao ser deixada sozinha por uns instantes se sentir maltratada sempre pela mãe que se torna madrasta. A mãe nos contos geralmente esta morta e seguidamente o pai se casa com outra que conseqüentemente finge-se de boa, mas é totalmente má. Essa idéia da morte da mãe nos contos tem seu lado positivo, pois, ela disfarçadamente ensina a criança a lidar com a morte da mãe.
Os contos de fadas em algumas histórias possui vários significados mostrando os conflitos internos aos protagonistas assim como aos leitores que podem se destruírem por acontecimentos que não são superados podendo como conseqüência causar danos destrutivos a essas pessoas, como no conto das Mil e uma noites, onde o rei Xazenã ao ser traído por sua esposa não mais confia em ninguém casando-se e matando suas esposas até se casar com Xerazade que estimula seus desejos internos para se salvar da morte. Estando com isso clara manifestações de Id, Ego e o Superego dos protagonistas, Ego sendo movido pelo Superego, que é representado no conto com a Xerazade, o rei com seu Id incontrolado até encontrar o seu Ego.
É interessante destacar a visão de anulação dos contos de fadas pelos pais que fecham a visão do que esta intrínseca nos contos, escondendo ou não acreditando neles tirando muitas vezes da criança o desejo de sonhar. Todas as histórias possuem suas características na fantasia como a visão do herói que sempre se da bem no final e o castigo que ocorre com os maus. Elas mostram os impulsos reais e como é difícil aceitar a imaginação que cerca os contos, e também destacam a realidade como no conto de João e Maria que no início da história mostra as dificuldades dos pais deles para criá-los, fato que esta visível aos olhos da humanidade que muitas vezes os tornam amargurados e modificam sua personalidade.
No conto da Chapeuzinho Vermelho esta relatada a inocência da pequena menina ao visitar a sua avó pelo bosque e o Lobo com sua personalidade frustrada a mal estruturada que acaba engolindo a menina que para alegria da crianças é retirada da barriga do Lobo, ensinando a criança a obedecer seus pais e a serem cuidadosas não seguindo por caminhos que podem ser perigosos.
Com relação aos contos de fadas estas passam ensinamentos de extrema importância para as crianças mostrando conflitos ocultos e também problemas relacionados aos pais como no Mito de Édipo ou Edipiano que mostra, no início a profecia de um oráculo que diz que ele matara o pai e se casara com a mãe. No complexo de Édipo causado pelos acontecimentos ao personagem relata em grave problema nas crianças, que lutam no seu desenvolvimento para se livrarem desses sentimentos e angustias.
Contudo da para notar a importância dos contos de fadas para a demonstração dos sentimentos infantis para encontrarem e formarem suas identidades seu desenvolvimento ao que se refere à maturidade, suas preocupações internas, enfim, sua percepção do mundo e o crescimento da sua personalidade.


Terra Sonâmbula
Mia Couto

Moçambique, década de 1990. Numa terra devastada pela guerra, um menino sem memória é encontrado por um velho errante. Muidinga e Tuahir, ambos marcados por conflitos que não entendem, desprovidos de passado e de esperança. Unidos, fazem de um machimbombo incendiado a sua casa, e de um diário, encontrado junto de um cadáver, a sua demanda. Nas linhas do caderno, Muidinga acredita ter um mapa que o levará de volta à sua mãe. Nessa busca, o insólito par descobre-se, reinventa-se, enfrenta a insanidade e a miséria que grassam em seu redor, e recusa deixar morrer o alento. Tal como a terra que percorrem sem destino, uma terra que nunca dorme, nunca descansa, uma terra sonâmbula.
Já adaptado ao cinema, Terra Sonâmbula foi considerado um dos doze melhores romances do século XX em África. Cruza elementos da cultura tradicional moçambicana com a própria história do país, realismo e magia, factos e símbolos, Terra Sonâmbula é, acima de tudo, um hino ao poder dos sonhos e da vida.

Mia Couto nasceu na Beira, Moçambique, em 1955. Foi director da Agência de Informação de Moçambique, da revista Tempo e do jornal Notícias de Maputo. A sua visão única da realidade moçambicana granjeou-lhe um lugar privilegiado junto da crítica e dos leitores, afirmando-o como um dos autores mais reputados da literatura de língua portuguesa. Foi já distinguido com os prémios Vergílio Ferreira, União Latina de Literaturas Românticas e Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura.