quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Os livros são meus olhos mágicos

Amei! Uma história maravilhosa que deve ser compartilhada.


Há muito, muito tempo, vivia na Índia Antiga um rapaz chamado Kapil. Além de gostar muito de ler, era extremamente curioso. tinha a cabeça cheia de perguntas. Por que motivo o Sol era redondo e por que mudava a Lua de forma? Por que cresciam tanto as árvores? E por que razão as estrelas não caiam do céu?
Kapil procurava as respostas em livros de folha de palmeira escritos por homens sábios. E lia todos os livros que encontrava.
Ora um dia estava Kapil ocupado a ler quando a mãe lhe deu um embrulho e disse:"Arruma o livro e leva esta comida ao teu pai. Já deve estar cheio de fome."
Kapil levantou-se com o livro na mão e fez-se ao caminho. Enquanto percorria o duro e acidentado trilho que atravessava a floresta, não parava de ler. De súbito o pé bateu numa pedra. Tropeçou e caiu. Logo um dedo começou a sangrar. Kapil ergueu-se do chão e continuou a caminhar e a ler, com os olhos colados ao livro. Não tardou a bater noutra pedra e, uma vez mais, estatelou-se. Desta feita doeu-lhe ainda mais, mas o texto escrito em folha de palmeira fê-lo esquecer as feridas.
De repente, um clarão surgiu e ouviu-se um riso melodioso. Kapil levantou os olhos e deparou com uma formosa senhora, vestindo um sari branco. Ela sorria e uma auréola de luz rodeava-lhe a cabeça. Estava sentada num cisne branco e gracioso. Numa das mãos trazia um luminoso rolo de pergaminho. Com outras duas segurava um instrumento de cordas chamado veena. Estendeu a quarta mão para o rapaz e disse:"Meu filho, estou impressionada com a tua sede de conhecimento. Quero dar-te uma recompensa. Qual é o teu maior desejo?"
Kapil pestanejou de espanto. Diante dele encontrava-se Sarawasti, a deusa do estudo. No instante seguinte, o rapaz cruzou as mãos, fez uma vénia e murmurou: "Por favor, Deusa, dá-me um segundo par de olhos para os pés, a fim de que eu possa ler enquanto caminho."
"Assim seja"- e a Deusa abençoou-o. Tocou na cabeça de Kapil e a seguir desapereceu entre as nuvens.
Kapil olhou para baixo.Um segundo par de olhos brilhava-lhe nos pés e ele deu um salto de alegria. Logo a seguir, fixou os olhos no livro e desatou a caminhar pela floresta, apenas conduzido pelos seus pés.
Graças ao amor pelos livros, Kapil cresceu e tornou-se um dos sábios mais ilustres da Índia. Em toda a parte era conhecido pela sua imensa sabedoria. Também lhe puseram outro nome Chakshupad, que em sânscrito significa"aquele cujos pés tem olhos."

 MANORAMA JAFA(tradução José António Gomes)

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